Uma paciente de 58 anos já estava a espera há mais de 24 horas por uma vaga de UTI. Em estado gravíssimo, ela recebia atendimento em uma Unidade de baixa complexidade, o Hospital Municipal Materno Infantil de Faina, município da região Rio Vermelho de Goiás. Foi aí que o Complexo Regulador Estadual (CRE) foi acionado e, em menos de uma hora, o órgão estadual resolveu o problema da paciente.
O CRE conseguiu uma vaga e garantiu a transferência de Camargo para o Hospital Sagrado Coração de Jesus de Nerópolis onde, recentemente, foram inaugurados novos 25 leitos de UTI. O CRE também está com tratativas avançadas para assumir a regulação de acesso de toda a regional do Rio Vermelho que conta com 17 municípios.
Trabalho manual
Esta é mais uma paciente que foi contemplada pela agilidade possibilitada pelo sistema utilizado pelo CRE, o SERVIR – Sistema Estadual de Vagas Integradas à Rede. “Mais que sobrevivência, nós garantimos um verdadeiro resgate para essa paciente”, explicou Genésio Pereira do Santos, diretor técnico do CRE. “Quando o pedido chegou ao CRE, diante da baixa estrutura da Unidade de Faina, nós demos prioridade e o tratamento foi imediato. Sabíamos que a equipe do município já estava em exaustão e a paciente estava em risco”, contou.
Em Faina, a equipe que atendia a paciente realizava ventilação manualmente porque não havia equipamento mecânico no local. 4 técnicas de enfermagem, 3 enfermeiras e a diretora administrativa da Secretaria Municipal de Saúde de Faina, Izisplícila Zago, se revezavam para garantir que ela sobrevivesse.
“Foram 27 horas ambuzando a paciente manualmente. Quando tomei conhecimento do caso vim pro Hospital ajudar a equipe. Uma vaga de UTI para pacientes aqui de Faina é sempre muito difícil. Goiânia não libera vagas com facilidade, frequentemente buscamos o Ministério Público”, relatou Izisplícila que também é enfermeira de formação.
Agilidade que salva vidas
A regulação foi inicialmente solicitada para a Central de Goiânia no dia 25 de agosto. Segundo a diretora administrativa da Secretaria Municipal, o pedido foi feito via telefone para o SAMU da Cidade de Goiás às 10h50 de domingo. Porém, se passaram mais de 24 horas e a vaga de UTI não era liberada.
A partir daí, Izisplícila afirmou que decidiu buscar o Ministério Público onde foi informada de que o pedido do SAMU da Cidade de Goiás entrou no sistema da Central de Regulação de Goiânia apenas às 18h do dia 25. Ou seja, mais de sete horas depois do pedido inicial. “Esse é o principal problema, não existe transparência. Eu não sei que horas que realmente a paciente entrou no Sistema, em qual posição ela está. Ficamos no escuro”, disse.
Às 10h da manhã de segunda-feira, 26 de agosto, o Hospital de Faina contactou o CRE que lançou o pedido no SERVIR às 10h28. Às 10h55 a vaga cedida pela Unidade de Nerópolis já estava garantida. “No Sistema da Central de Goiânia, Camargo estava disputando uma vaga com a lista de espera da capital e da Regional de Goiânia onde a demanda de pacientes é muito maior”, explicou Genésio.
No CRE, a rede de atendimento integrada ao SERVIR garante vagas em Hospitais cuja gestão foge ao escopo de Unidades acessíveis pela Central de Goiânia. É o caso do Hospital de Nerópolis, em Jataí e em Catalão. “Além disso, o SERVIR garante aos gestores municipais o acompanhamento em tempo real da solicitação feita, com total transparência”, concluiu.
CRE no Rio Vermelho
A região de saúde Rio Vermelho iniciou o processo de implementação do SERVIR nos dias 20 e 21 de agosto e uma nova rodada de treinamentos com os secretários de saúde dos municípios deverá ser realizada no começo de setembro. O CRE será responsável pela regulação do Hospital São Pedro de Alcântara, na Cidade de Goiás, que está desativado no momento.
“Depois que o Hospital voltar a funcionar, a Secretaria Municipal de Saúde de cada um dos municípios do Rio Vermelho deverá solicitar a regulação de urgência e emergência diretamente para o CRE pelo SERVIR. O Complexo solicitará a vaga para o Hospital São Pedro de Alcântara, em respeito à regionalização, ou para outra Unidade integrada ao SERVIR onde houver a vaga disponível”, resumiu Genésio.
Além do Rio Vermelho, o CRE é responsável pela regulação das regiões Sudoeste I e II e da região da Estrada de Ferro.